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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Almanach Trivulzio, 2025: O Guia Genealógico da Principesca e Ducal Casa de Mesolcina

 Estimados Leitores do Corriere della Mesolcina

É com grande prazer que apresentamos a todos o Almanach Trivulzio, 2025: O Guia Genealógico da Principesca e Ducal Casa de Mesolcina. Esta é a primeira edição do já tradicional Guia Genealógico da Principesca e Ducal Casa de Gonzaga Trivulzio Galli de Mesolcina e Alvito que é também estendida aos demais descendentes dos Pais da Europa: nome pelo que ficaram conhecidos o Príncipe D. Carlo Emanuele Teodoro Trivulzio, Duque de Mesolcina e Marquês de Melzo e sua esposa, a Princesa D. Caterina Gonzaga, Marquesa de Castel Gofredo, que sendo pais de dois filhos: Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Giangiacomo Teodoro II Gonzaga Trivulzio, 1º Príncipe de Mesolcina-Retegno-Bettola-Dornberg, 1º Príncipe de Mesolcina, de Mesocco e do Sacro Império Romano (casado com a Princesa D. Giovanna Maria Grimaldi de Mônaco) e Sua Alteza Sereníssima a Princesa D. Ippolita Gonzaga Trivulzio, Princesa Consorte de Mônaco (casada com o Príncipe Onoré II Grimaldi, 1º Príncipe de Mônaco), tornaram-se os ancestrais de praticamente todas as Casas Reais da Europa, bem como, de boa parte das Casas da Alta Nobreza Europeia. 


Essa primeira Edição do Guia Genealógico da Casa Principesca de Mesolcina, assim estendida aos demais descendentes dos Pais da Europa, além é claro dos Trivulzio-Galli, sempre mencionados nos anteriores Guias Genealógicos, foi assim então batizada de Almanach Trivulzio, ou, em alemão, Trivulzianischer Almanach


Tenham acesso completo, e gratuito, ao Almanach Trivulzio: 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

O Visconde da Ribeira Brava matou El-Rei Dom Carlos I de Portugal?

Brasão do Visconde da Ribeira Brava, desenho de S.A.S. o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Príncipe de Mesolcina, 21º Duque de Alvito

 

Estimados Leitores do Corriere della Mesolcina, anos atrás muito foi propagandeado, pelos apoiadores do ex-duque de Loulé (que perdeu seu título por ter-se voltado contra o legítimo Pretendente ao Trono Português, ou seja, Sua Alteza Real o Príncipe D. Duarte Pior de Bragança, Duque de Bragança) que o Visconde da Ribeira Brava, D. Francisco Corrêa de Herédia Jr. antepassado direto da Sra. D. Isabel de Herédia, Duquesa de Bragança, estaria entre os envolvidos com o trágico atentado contra a vida de El-Rei D. Carlos I de Portugal. Agora, com o passar dos anos e o número de apoiadores da causa do ex-duque de Loulé cada vez mais minguados, podemos discutir esse tópico com mais seriedade. 


Vamos nos ater aos fatos, não aos boatos: D. Francisco Corrêa de Herédia Jr., Visconde da Ribeira Brava, foi um político português da virada do século XIX. Foi um grande amigo pessoal do Rei D. Luís I e de seu filho, o Rei D. Carlos I de Portugal, recebendo, por isso, o título de 1º Visconde da Ribeira Brava. Todavia, desgostou-se com o Rei D. Carlos quando este entregou o governo de Portugal a João Franco, que achou por bem suspender a constituição e governar sem o Parlamento. A antipatia angariada pelo Rei, mesmo na Alta Classe portuguesa foi tamanha, que muitos monarquistas, e mesmo membros da Nobreza, como o Visconde da Riberira Brava, tornaram-se republicanos e passaram a conspirar para derrubar o governo de João Franco, que apesar de ter sido indicado legitimamente pelo Rei para ser Primeiro-Ministro, autointitulava seu ministério de "ditadura de João Franco", nome pelo qual entrou para a história. 


O Visconde da Ribeira Brava não deixou de anunciar o seu descontentamento com a Monarquia, e mesmo o fato de ter se tornando republicano, tendo sido preso, em 28 de janeiro de 1908, com armas na mão, naquilo que ficou conhecido como "O Golpe do elevador da biblioteca", em que tentaram derrubar João Franco. Estando preso, portando, no dia 1º de fevereiro de 1908, quando ocorreu o regicídio que matou El-Rei D. Carlos I e o Príncipe Real. O boato, que tanto circula entre os seus descendentes, como na Casa de Bragança, é que estando o Visconde preso, ficou sabendo por outros republicanos presos com ele de que se armava um atentado contra a Família Real, teria enviado seu filho mais velho, D. Francisco Correa de Herédia, para ir ao Paço Ducal de Vila Viçosa, onde encontrava-se a Família Real, e prevenir El-Rei. D. Francisco foi recebido por El-Rei Dom Carlos, mas este não deu importância à ameaças de regicídios, já que essas naqueles tempos essas vinham em grande quantidade, e mesmo assim desfilou por Lisboa em carruagem aberta, o que possibilitou o regicídio no Terreiro do Paço.


Fato é que D. Francisco Corrêa de Herédia, filho mais velho do Visconde de Ribeira Brava, procurou o 10º Visconde de Asseca, Mordomo-Mor do Palácio Real, para que este mandasse carros fechados apanhar a Família Real na estação de trem que os trazia de Vila Viçosa. O Visconde teria dito que mandaria os carros fechados, mas depois mandou as carruagens abertas, seguindo as ordens de El-Rei D. Carlos, como conta em suas memórias o 6º Marquês de Lavradio, Secretário Privado de El-Rei D. Manuel II.


Fato é que Sua Majestade a Rainha D. Amélia de Orléans, esposa de El-Rei Dom Carlos I e mãe de El-Rei Dom Manuel II, sempre defendeu o Visconde da Ribeira Brava, quando este era acusado por algum cortesão de estar por trás do regicídio. Fato é que a mesma Rainha D. Amélia, quando retornou para visitar Portugal, anos mais tarde, escolheu como seu acompanhante D. Francisco Corrêa de Herédia, filho mais velho do Visconde de Ribeira Brava, tendo sido tal fato propagandeado pela imprensa portuguesa, pois a Rainha poderia ter escolhido a companhia de qualquer um da mais alta Nobreza Portuguesa, mas escolheu justamente o braço do filho mais velho daquele que hoje, é acusado de ter armado a mão de quem lhe matou o marido... 


Fato é que sendo republicando, o Visconde da Ribeira Brava comemorou a proclamação de república e deixou de usar o título de Visconde que lhe foi concedido pelo Rei, pedindo em seu testamento que seus descendentes não se fizessem encartar no mesmo título, o que até hoje é respeitado pela família Herédia.


Fato é que o Ribeira Brava foi morto em 1918, pelo mesmo governo republicano que ele tanto esperava ver em Portugal... Esses são os fatos... além disso, o restante são apenas boatos. 


Por Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Príncipe de Mesolcina, de Mesocco, de Trivulzio-Galli e do Sacro Império Romano-Germânico, 21º Duque de Alvito, 20º Conde-Duque de Átina, etc.


Para citação na ABNT: GONZAGA TRIVULZIO GALLI, Andrea Giangiacomo, Príncipe de Mesolcina, Duque de Alvito. "O Visconde da Ribeira Brava matou El-Rei Dom Carlos I de Portugal?". Corriere della Mesolcina, 2025

domingo, 23 de março de 2025

A família real da Geórgia/ The Royal Family of Georgia


 

Caros Leitores do Corriere della Mesolcina, hoje devemos falar sobre uma interessante dinastia europeia, e as voltas da história ao redor da mesma. Falaremos sobre a Família Real da Geórgia, que é um pequeno país na região do Cáucaso, localizado entre os limites da Europa com a Ásia, porém um país cheio de história, tendo sido o primeiro Reino do mundo a adotar oficialmente o Cristianismo, como religião de Estado.


A dinastia que sempre reinou sobre a Geógia foi a Casa de Bragation (ou Bragationi), que inicialmente foram Príncipes de Kartli, chegando ao posto de Reis da Geórgia ainda no século VIII. A Geórgia permaneceu como um Reino até o século XV, quando o país foi dividido em três reinos, cada um governado por um ramo da dinastia Bragationi, que foram os Reinos de Kartli, de Kakheti e o de Imeriti. O Reino de Kartli existiu de 1478 até 1762, quando foi unido ao Reino de Karkheti, para formar o reino de Kartli-Kakheti, que deixou de existir quando o Império Russo tomou o dito Reino, e sua família Real optou por passar a fazer parte da Nobreza Russa com o título de Príncipes, em 1762. Já o Reino de Imeriti continuou a existir até 1801, sendo que seus Reis reunificaram o território georgiano, passando a serem os últimos Reis da Geórgia, quando essa foi tomada pela Rússia, permanecendo nessa situação política até o início dos anos 90 do século passado. Não haja dúvidas que os Bragationi "de Imeriti" sempre foram considerados como a família Real da Geórgia, chamados de Bragationi-Gruzinsky (que, literalmente quer dizer "da Geórgia") enquanto o ramo dos Bragationi de Kartli e de Kakheti formaram casas principescas no Império Russo, sendo a mais famosa atualmente os Bragationi, Príncipes de Mikhrani (representantes do antigo reino de Kartli). 


Acontece, porém, que o Chefe da Casa Real da Geórgia, S.A.R. o Príncipe Nuzgar Bragationi, Príncipe da Geórgia e Príncipe de Gruzinsky, teve apenas filhas mulheres, e para assim a extinção da família, casou sua filha mais velha, a Princesa Ana com o Príncipe David Bragationi de Mukrani. Isso iria parecer um final feliz, pois, nesse casamento, uniram-se os dois ramos da Casa de Bragationi... porém, não foi bem assim, pois o Príncipe David de Mukrani, assim como seu pai e seu avô antes dele, passou a reivindicar para si o extinto trono da Geórgia, afirmando que seu ramo da Dinastia Bragationi era o genealogicamente mais velho. 


Todavia, a reivindicação de ser o ramo mais velho da Dinastia Bragátida não tem qualquer importância política, vez que a tradição georgiana nunca foi seguir a primogenitura (muito diferente da tradição Capetiana francesa), mas sim que o Rei no trono escolhia entre seus descendentes o que fosse mais apto para governar. De fato, as pretensões dos Príncipes de Mukrani ao Trono da Geórgia não são tão antigas, datam do período da "cortina de ferro", quando os regimes comunistas que assolaram vários países da Europa impediam a comunicação entre os povos que estavam abaixo do jugo das ditaduras comunistas e das pessoas do mundo livre. Neste período os Bragationi-Mukrani, que viviam na Espanha, supuseram que os Príncipes da Geórgia teriam sido mortos, e o Príncipe Irakli Bragation-Mukrani fez a reivindicação ao extinto Trono da Geórgia e fundou uma Ordem de Cavalaria, chamada de Ordem da Águia da Geórgia e da Túnica sem Costuras de Nosso Senhor Jesus Cristo (da qual o Príncipe D. Andrea Gian-Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Príncipe de Mesolcina, autor deste texto, foi feito Cavaleiro da Grã-Cruz). 


Porém, como era de se imaginar, descobriu-se depois que o ramo real da Casa de Bragationi havia sim sobrevivido na Geórgia; mesmo assim, após a morte do Príncipe Irakli, em 1977, seu filho Jorge Bragation, novo Príncipe de Mukrani, reivindicou para si a Chefia da Casa Real da Geórgia, mesmo enfrentando os protestos de Sua Alteza Real o Príncipe Nuzgar Bragationi, descendente do Rei Jorge XII da Geórgia, último Rei daquele país. Após a morte do Príncipe Jorge de Mukrani, em 2008, seu filho David Bragation também afirmou ser o Chefe da Casa Real da Geórgia, como visto acima... 


Todos realmente pensaram que após o casamento do Príncipe David com a Princesa Ana da Geórgia, as lutas pela Chefia da Dinastia Bragationi cessariam, todavia isso nunca ocorreu. O casal teve um único filho, o Príncipe Jorge Bragationi, que tornou-se o herdeiro incontestável dos dois ramos da Dinastia Bragationi. Todavia, o Príncipe Nuzgar exigiu que seu genro assinasse uma declaração oficial, na qual reconhecia o sogro como o único pretendente ao Trono da Geórgia, o que nunca aconteceu.


S.A.R. o Príncipe Nuzgar da Geórgia faleceu no dia 01 de março de 2025, e agora é sua filha, Ana quem mantém a disputa dinástica com seu ex-marido, David, pela Chefia da Casa de Bragatini. Todavia, com a morte do Príncipe Nuzgar, todas as pretensões recairão sobre o Príncipe Jorge, filho do casal, que pode ser que um dia seja o Rei Jorge XIII da Geórgia... só Deus dirá.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Trivulziopédia: a Wikipédia da história da família Trivulzio Galli e do Principado de Mesolcina

Estimados Leitores do Corriere della Mesolcina. 


Passo aqui para indicar a nova Enciclopédia online, a https://trivulzio.miraheze.org/, que é a "Wikipédia" da história da minha família, e por isso mesmo é chamada de Trivulziowiki ou mesmo Trivulziopédia! 


É uma Enciclopédia onde se está escrevendo sobre a história dos títulos de nobreza e dos principais personagens da história da minha família. Vale a pena conferir.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Guia Genealógico da Casa Principesca de Mesolcina, edição 2025


É com grande prazer que publicamos a todos, de maneira sempre gratuita e aberta a todos, o Guia Genealógico da Principesca e Ducal Casa de Mesolcina, edição 2025.



Diferente de um Anuário, como o da Casa Imperial do Brasil, que coloca apenas os parentes do atual Chefe da Casa Imperial, o Guia Genealógico publica sempre a genealogia completa da Casa Principesca de Mesolcina, desde o Conde Ascanio I, O Longevo, que foi o 1º Conde de Trivulzio no ano 920, até o atual Chefe da Casa Principesca, bem como todos os parentes e todas as linhas colaterais, sendo o mais completo trabalho genealógico sobre a linhagem principesca dos Gonzaga Trivulzio Galli que existe no mundo. 

Aqueles que quiser fazer o Download gratuito, acessem:

https://pt.slideshare.net/slideshow/guia-genealogico-da-principesca-e-ducal-casa-de-mesolcina-2025-pdf/275370127

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

O "Pacto Familiar de Bruxelas" e a criação do título de Príncipe de Orléans-Bragança, ou de Príncipe de Orleans e Bragança

 


É muito comum aos estudiosos afirmarem que o acordo familiar da Família Orléans, chamado de "Pacto de Bruxelas" teria "criado" o título de Príncipe de Orleans e Bragança. Essa ideia, que como comprovaremos, é errônea, vem sendo repetida incansavelmente desde o início do século XX. Vamos a ela.


Segundo a ideia propagada, teriam reunido-se Louis-Philippe III, Duque de Orléans, Chefe da Casa Real de Orléans de França (filho do falecido Louis-Pilippe II d'Orléans (ou "Philippe VII", Conde de Paris), o Duque de Montpensier, o Duque de Guise (futuro Chefe da Casa de Orléans, após a morte do Duque de Orléans), que assinou representando a si e a seu pai, o Duque de Pentièvre, além do Príncipe Luiz Gastão, Conde d'Eu e seus três filhos, D. Pedro de Alcântara, D. Luiz Gastão e D. Antonio de Orléans-Bragança. E que nesta reunião familiar, ocorrida em 1909, teria o Duque de Orléans "criado" o título de Príncipe de Orléans e Bragança, hora dizem para o Conde d'Eu e seus três filhos, hora dizem apenas para os três filhos do Conde d'Eu...


Isso porém nunca aconteceu, e vamos aos fatos.

Após a proclamação da república no Brasil em 1889 e o exílio de D. Pedro II e sua família na Europa, primeiro em Portugal, depois na França, o Conde d'Eu, marido da Princesa D. Isabel I do Brasil, simplesmente arrependeu-se do fato de ter explicitamente renunciado ao lugar que tinha na sucessão francesa, justamente por estar agora de volta à França, onde o sobrenome Orléans tinha grande prestígio. Quis assim ter novamente para si um lugar na Casa de Orléans, e que seus três filhos, nascidos Príncipes do Brasil, também adquirissem um lugar na Casa de Orléans. A primeira tentativa do Conde d'Eu deu-se logo de sua chegada à França, quando envia uma carta a seu primo, Louis-Philippe, Conde de Paris (neto de Louis-Philippe I, rei dos franceses, mas não Rei da França). 


A resposta, porém, do Conde de Paris não fez-se esperar: em uma carta endereçada ao Duque de Alençon deixa clara a sua posição:

"Meu querido Alençon, […] as possíveis reivindicações de Gastão para reclamar sua posição na Casa da Orléans e tudo mais que é relacionado são absolutamente inaceitáveis. Você viu em minha carta que eu nem imaginei que tais direitos sequer existiam. Quando alguém deixa a Casa da França para se tornar um estrangeiro, quando alguém renuncia a vida de exílio na expectativa, esperançoso e permanecendo sincero quanto a França, para assim procurar em um trono estrangeiro uma posição oficial, tal ato possui consequências irrevogáveis."

Em suma: o Conde de Paris deixa claro que o Conde d'Eu tornou-se brasileiro com seu casamento com a Princesa D. Isabel do Brasil e que seus três filhos são brasileiros, não são franceses, e não tinham lugar na Casa de Orléans. Porém, como sabemos, vivendo no Castelo d'Eu com a Princesa D. Isabel, que mantinha estreita correspondência com monarquistas brasileiros, o Conde d'Eu tinha muito tempo livre para seguir continuando suas súplicas. Após a morte do Conde de Paris, novamente mandou uma carta ao filho deste, Luis-Philippe, Duque d'Orléans, onde pede novamente para si e seus três filhos a condição de Dinastas franceses. A resposta do Duque de Orléans não deixa dúvida sobre o posicionamento a esse respeito, naquilo que ficou conhecido como Nota de 15 de julho de 1901:

O Senhor Conde d'Eu, por ter tomado como residência o Brasil sem o intuito de retornar em 1864, pelos compromissos que o prenderam à coroa brasileira, pela sua renúncia formal aos seus direitos sucessórios quanto à coroa da França, por sua adoção da nacionalidade brasileira, perdeu seus direitos à sucessão da coroa da França e seu status como membro da Família Real da França. Os filhos do Conde d'Eu, nascidos brasileiros de pais brasileiros e dinastas brasileiros, nunca foram príncipes da Casa da França, um status apenas concedido por nascimento e que pode ser perdido mas não ganho.

Sendo assim, eles não podem tornar-se príncipes da Casa da França, nem seu pai pode recuperar seu status, que ele perdeu.

Isso deixa claro o posicionamento do Chefe da Casa de Orléans sobre os reiterados pedidos do Conde d'Eu. Como poderia então, apenas 8 anos depois, mudar tanto de opinião no tantas vezes referido "Pacto de Bruxelas"? A reposta é simples: não mudou

O problema com o "Pacto Familiar de Bruxelas" é que pouquíssimas pessoas já o leram: leram apenas transcrições do mesmo, cópias de traduções ao português de uma das três vias assinadas em francês... Nessas tantas transcrições dos originais (em um tempo onde não havia copiadora), e essas sucessivas traduções, muitas vezes tendenciosas ao chamado "ramo de Petrópolis" criou a ilusão de que no dito pacto se "criou" um novo título principesco, o título de Príncipe de Orléans e Bragança, criado e mantido pelo Fons Honorum do Chefe da Casa de Orléans. A tradução mais comum, que está, inclusive, na wikipédia brasileira, diz que:


Reconhecemos ao Conde d’Eu, a seus três filhos e a sua descendência masculina, principesca e legítima, além dos títulos de Altezas Imperiais ou de Altezas que lhes pertencem de direito, o título de Altezas Reais.

Reconhecemos aos três filhos do Conde d’Eu e a sua descendência masculina, principesca e legítima os títulos de Príncipes e Princesas de Orléans e Bragança.

3º. Mantemos e confirmamos Nossa Nota de 15 de julho.

4º. O Conde d’Eu e seus filhos se comprometem aqui solenemente por si e por sua descendência, a não fazer valer a pretensão à Coroa da França e à posição de Chefe da Casa de França, a não ser em caso de extinção total de todos os ramos principescos franceses com compõem atualmente a Casa de França. Registramos este compromisso solene que terá seu efeito e será estabelecido pela aposição das assinaturas destes Príncipes à nossa presente Declaração.

Declaramos este compromisso tão inviolável, tão firme e inquebrantável como se fosse tomado com juramente diante de uma Assembleia competente da Monarquia.

5º. O Conde d’Eu e seus filhos se comprometem igualmente em seu nome e nome de sua descendência a não contestar em nada ao ramo do Duque d’Alençon a posse do título de Duque de Némours.


Todavia em recente troca de correspondência com o antigo secretário do falecido Henri d'Orléans, Conde de Paris, este passou-me uma versão muito diferente do referido texto. Nela, ao invés do verbo "reconhecemos" está escrito "anotamos", e existe uma diferença abismal entre anotar algo e reconhecer algo. Basicamente o "Pacto de Bruxelas" é um acordo familiar entre os Orléans e os Orleans e Bragança onde fica claro, no Art. 3º, que o Duque de Orléans Mantém e confirma a Nota de 15 de julho de 1901, nota essa que, como está escrito acima, "sendo assim, eles (os príncipes brasileiros) não podem tornar-se príncipes da Casa da França, nem seu pai (o Conde d'Eu) pode recuperar o seu status, que ele perdeu", a além disso, apenas anotam que o Conde d'Eu e seus três filhos, para além do tratamento de Altezas Imperiais, o de Altezas Reais. Bem como anotam que os três filhos do Conde d'Eu utilizaram o título de Príncipes de Orléans e Bragança. 


O Pacto de Família, em suma, foi um reconhecimento, pelo Conde d'Eu e seus três filhos do que havia sido pontuado pelo Duque de Orléans em 15 de julho de 1901, além de assinarem que não reclamariam lugar na sucessão francesa até que todos os seus parentes Orléans estivessem vivos, e mesmo que não reclamariam o título de Duque de Némours, que os Orléans e Bragança teriam direito, vez que o Conde d'Eu era o filho mais velho do Duque de Némous. 


Neste mesmo sentido que aqui exponho, o estudioso orleanista François R. Velde é muito mais contundente do que eu ao afirmar que "O Art. 3º mantém clara e irrestrita a declaração (do Duque d'Orléans) de 1901. O único ajuste é feito à precedência em reuniões puramente familiares, e não dinásticas. Fora isso, o "Pacto" de 1909 não é nada além de uma reafirmação da declaração de 1901 [...]. O Art. 4º é que por vezes parece ter causado confusão. Neste artigo o Duque d'Orléans unicamente faz é "tomar nota" da promessa do Conde d'Eu, O Duque d'Orléans não reconhece, confirma, confere, concede, aceita, ratifica, tolera, endossa. Ele apenas "toma nota". O Conde d'Eu promete não fazer nada até depois da extinção da Casa d'Orléans. É da parte do Conde d'Eu, uma capitulação sem nada em troca. É da parte do Duque d'Orléans um mero reconhecimento de que o Conde d'Eu e seus três filhos fizeram uma promessa." (https://www.heraldica.org)


Aqui não estamos afirmando que o título de Príncipe de Orléans e Bragança não exista... Como fica claro no Anuário da Casa Imperial do Brasil, o título existe como um título de Nobreza brasileiro, dependente do Fons Honorum do Chefe da Casa Imperial do Brasil, nunca tendo sido criado pelo dito "Pacto de Bruxelas", que meramente anotou que o Conde d'Eu pediu que ele e seus filhos fossem tratados como Altezas Reais, bem como anotou que queriam ser tratados pelo título de Príncipes de Orléans e Bragança, ao passo que estes assinaram uma verdadeira capitulação diante da "Nota de 15 de julho de 1901" e nada mais.  

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Análise heráldica: Rei da Dinamarca altera seu brasão de armas / Heraldic analysis: King of Denmark changes his coat of arms


Sua Majestade o Rei Frederick X da Dinamarca anunciou, no dia 20 de dezembro de 2024 a adoção de seu novo brasão d'Armas, uma vez que até essa data, havia utilizado o brasão de sua mãe, a Rainha Margareth II, que abdicou do Trono danês há pouco mais de um ano. 

A mudança causou pouco, para não dizer nenhum impacto no mundo dos heraldistas (se bem que tenho certeza que, após essa publicação o tema será alvo de muitas outras "análises" daqueles pseudo-entendidos, que afirmam que jamais leem meus textos, que são "originais" nos seus temas, porém bem sabemos que não saberiam nada, nem de nobreza, nem de genealogia, muito menos de heráldica, se não copiarem o que escrevo). Todavia essa mudança é da maior importância, pois, se quando o Rei Charles III do Reino Unido levantou grande alarde apenas por utilizar um novo formato de coroa em seu brasão, muito mais comentários deveriam surgir com essa mudança do Rei da Dinamarca.

O Rei Frederick X, ao adotar um novo brasão de armas para si, com um desenho realmente muito diferente daquele adotado pela sua mãe em 5 de julho de 1972, recorda a todas aquelas pessoas que entendem pouco de heráldica alguns pontos fundamentais dessa Ciência Heroica, que são:

  1: Não existe "brasão de sobrenome": um brasão é sempre pessoal e, mesmo nos altos postos como o de um Chefe de Estado Hereditário, ao se herdar a Coroa o novo Rei determina qual brasão irá utilizar. No caso das demais pessoas, que não sendo Reis ou Chefes de Casas Soberanas ex-Reinantes, que portanto não são Fons Honorum, ou seja, que não podem simplesmente "adotarem" um novo brasão como um Fons Honorum faz, devem buscar a concessão do seu brasão d'Armas na autoridade heráldica competente. 

2: Que mesmo dentro de uma Família ou Linhagem Armigerante (linhagem que possui antepassado direto e legítimo que tenha recebido uma Concessão de Cota de Armas), e cujas Armas poderiam ser renovadas em sua descendência legítima e masculina, o brasão não é imutável, muito pelo contrário: deve sempre se buscar representar na realidade heráldica (ou seja, do brasão) a realidade social daquele novo armigerante (pessoa portadora do brasão).


Neste último ponto os Chefes da Casa Imperial do Brasil sempre agem corretamente, alterando seu brasão d'Armas, tradicionalmente agregando o mesmo número de estrelas em orla, que correspondam ao número das unidades federativas do Brasil; mesmo que utilizem por esta mesma forma um brasão d'Armas diferente daquele utilizado por D. Pedro II, último Imperador do Brasil.



O Rei Frederick X da Dinamarca, com seu novo brasão d'Armas, pretende lembrar ao mundo as suas possessões como Rei da Dinamarca: No primeiro quartel d'ouro com nove nenúfares (folhas-do-mar, geralmente representadas em formato de corações) de goles, com três leões de blau (azul) passantes, linguados de goles (vermelho) e coroados do campo, para a Dinamarca. No segundo quartel, de blau (azul) um carneiro de prata com chifres d'ouro para as Ilhas Faroé. No terceiro quartel de blau (azul) um urso polar de prata, rompante, para a Groenlândia. No quarto quartel, de ouro, dois leões passantes de blau, linguados de goles (vermelho) para o Schleswig. O escudo é esquartelado por uma cruz patente de prata filetada de goles (vermelho), para o Dannebrog, que é a bandeira do Reino da Dinamarca, e um escudete com o brasão da Casa de Oldenburgo. 

Note-se que o Rei abriu mão do campo de blau com as três coroas d'ouro, que representam a União de Kalmar (união histórica entre os Reinos da Dinamarca, Suécia e Noruega), e hoje representam o Reino da Suécia, para manter apenas representações de territórios onde é realmente o Soberano, e com isso, também lembrar ao mundo que faz parte do Reino da Dinamarca, além da própria Dinamarca e o Scleswig, as Ilhas Faroé e a Groenlândia. 


O exemplo do Rei dinamarquês deveria servir de exemplo para muitos heraldistas, e mesmo muitos armigerantes: a heráldica deve ser sóbria, elegante. Nessa ciência, quanto menos elementos tiver um brasão, mais forte ele se torna, uma vez que, para manter uma identificação com menos elementos, que portanto é mais fácil de ser copiado, mais importante o armigerante demonstra ser.


Por:

Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli,

18º Príncipe de Mesolcina, 21º Duque de Alvito, 25º Marquês de Melzo.