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quarta-feira, 2 de julho de 2025

O Visconde da Ribeira Brava matou El-Rei Dom Carlos I de Portugal?

Brasão do Visconde da Ribeira Brava, desenho de S.A.S. o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Príncipe de Mesolcina, 21º Duque de Alvito

 

Estimados Leitores do Corriere della Mesolcina, anos atrás muito foi propagandeado, pelos apoiadores do ex-duque de Loulé (que perdeu seu título por ter-se voltado contra o legítimo Pretendente ao Trono Português, ou seja, Sua Alteza Real o Príncipe D. Duarte Pior de Bragança, Duque de Bragança) que o Visconde da Ribeira Brava, D. Francisco Corrêa de Herédia Jr. antepassado direto da Sra. D. Isabel de Herédia, Duquesa de Bragança, estaria entre os envolvidos com o trágico atentado contra a vida de El-Rei D. Carlos I de Portugal. Agora, com o passar dos anos e o número de apoiadores da causa do ex-duque de Loulé cada vez mais minguados, podemos discutir esse tópico com mais seriedade. 


Vamos nos ater aos fatos, não aos boatos: D. Francisco Corrêa de Herédia Jr., Visconde da Ribeira Brava, foi um político português da virada do século XIX. Foi um grande amigo pessoal do Rei D. Luís I e de seu filho, o Rei D. Carlos I de Portugal, recebendo, por isso, o título de 1º Visconde da Ribeira Brava. Todavia, desgostou-se com o Rei D. Carlos quando este entregou o governo de Portugal a João Franco, que achou por bem suspender a constituição e governar sem o Parlamento. A antipatia angariada pelo Rei, mesmo na Alta Classe portuguesa foi tamanha, que muitos monarquistas, e mesmo membros da Nobreza, como o Visconde da Riberira Brava, tornaram-se republicanos e passaram a conspirar para derrubar o governo de João Franco, que apesar de ter sido indicado legitimamente pelo Rei para ser Primeiro-Ministro, autointitulava seu ministério de "ditadura de João Franco", nome pelo qual entrou para a história. 


O Visconde da Ribeira Brava não deixou de anunciar o seu descontentamento com a Monarquia, e mesmo o fato de ter se tornando republicano, tendo sido preso, em 28 de janeiro de 1908, com armas na mão, naquilo que ficou conhecido como "O Golpe do elevador da biblioteca", em que tentaram derrubar João Franco. Estando preso, portando, no dia 1º de fevereiro de 1908, quando ocorreu o regicídio que matou El-Rei D. Carlos I e o Príncipe Real. O boato, que tanto circula entre os seus descendentes, como na Casa de Bragança, é que estando o Visconde preso, ficou sabendo por outros republicanos presos com ele de que se armava um atentado contra a Família Real, teria enviado seu filho mais velho, D. Francisco Correa de Herédia, para ir ao Paço Ducal de Vila Viçosa, onde encontrava-se a Família Real, e prevenir El-Rei. D. Francisco foi recebido por El-Rei Dom Carlos, mas este não deu importância à ameaças de regicídios, já que essas naqueles tempos essas vinham em grande quantidade, e mesmo assim desfilou por Lisboa em carruagem aberta, o que possibilitou o regicídio no Terreiro do Paço.


Fato é que D. Francisco Corrêa de Herédia, filho mais velho do Visconde de Ribeira Brava, procurou o 10º Visconde de Asseca, Mordomo-Mor do Palácio Real, para que este mandasse carros fechados apanhar a Família Real na estação de trem que os trazia de Vila Viçosa. O Visconde teria dito que mandaria os carros fechados, mas depois mandou as carruagens abertas, seguindo as ordens de El-Rei D. Carlos, como conta em suas memórias o 6º Marquês de Lavradio, Secretário Privado de El-Rei D. Manuel II.


Fato é que Sua Majestade a Rainha D. Amélia de Orléans, esposa de El-Rei Dom Carlos I e mãe de El-Rei Dom Manuel II, sempre defendeu o Visconde da Ribeira Brava, quando este era acusado por algum cortesão de estar por trás do regicídio. Fato é que a mesma Rainha D. Amélia, quando retornou para visitar Portugal, anos mais tarde, escolheu como seu acompanhante D. Francisco Corrêa de Herédia, filho mais velho do Visconde de Ribeira Brava, tendo sido tal fato propagandeado pela imprensa portuguesa, pois a Rainha poderia ter escolhido a companhia de qualquer um da mais alta Nobreza Portuguesa, mas escolheu justamente o braço do filho mais velho daquele que hoje, é acusado de ter armado a mão de quem lhe matou o marido... 


Fato é que sendo republicando, o Visconde da Ribeira Brava comemorou a proclamação de república e deixou de usar o título de Visconde que lhe foi concedido pelo Rei, pedindo em seu testamento que seus descendentes não se fizessem encartar no mesmo título, o que até hoje é respeitado pela família Herédia.


Fato é que o Ribeira Brava foi morto em 1918, pelo mesmo governo republicano que ele tanto esperava ver em Portugal... Esses são os fatos... além disso, o restante são apenas boatos. 


Por Sua Alteza Sereníssima o Príncipe D. Andrea Gian Giacomo Gonzaga Trivulzio Galli, 18º Príncipe de Mesolcina, de Mesocco, de Trivulzio-Galli e do Sacro Império Romano-Germânico, 21º Duque de Alvito, 20º Conde-Duque de Átina, etc.


Para citação na ABNT: GONZAGA TRIVULZIO GALLI, Andrea Giangiacomo, Príncipe de Mesolcina, Duque de Alvito. "O Visconde da Ribeira Brava matou El-Rei Dom Carlos I de Portugal?". Corriere della Mesolcina, 2025